sábado, 22 de janeiro de 2011

O improviso no blues e o bluesman parte I


Hoje quero falar sobre um tema que instigam tantos os músicos que tocam blues, quanto o publico leigo musicalmente, mas, fascinado pelo estilo musical: o improviso no blues.
O objetivo deste artigo não é debater a questão teórica e musical da arte de improvisar, e sim expor a minha visão particular quanto aos improvisos musicais no blues e a sua influencia na vida dos músicos do início do século XX. Para isso vou levar em consideração a questão histórica que nos diz que o blues foi criado por negros, miseráveis, sem perspectiva ou qualidade de vida, que trabalhavam em fazendas, e tinham pouca ou nenhuma instrução escolar.
Bem... Todos nós sabemos que existem estilos musicais onde as peças são criadas e elaboradas de tal forma, que os instrumentos que dela participam não podem em momento nenhum desviar-se do que está escrito ou programado. Caso isso aconteça o resultado é um total desastre na execução da música. Podemos dar como exemplo máximo a musica clássica, onde a disciplina em execução e concentração é total. Mas, existem gêneros musicais que se não houver improviso, o grupo não toca bem ou não dominam o estilo. Como exemplo podemos citar o jazz e o nosso maravilhoso blues.
Você já percebeu que em vários shows de um mesmo artista de blues podem ter no repertório as mesmas músicas, mas a execução é completamente distinta? Como exemplo pegue bootlegs ou discos ao vivo oficiais de The Allman Brothers, Eric Clapton, Steve Ray Vaughan e Johnny Winter só para ilustrar o que estou dizendo. Agora pegue uma mesma música que esteja em vários shows e você irá notar o que estou falando.
Eu percebi ao analisar a origem dos improvisos, que a sua importância está ligada a: personalidade, oportunidade, masculinidade, e domínio sobre o blues. Tentarei explicar o porquê de cada um destes itens:
* Personalidade.
Não existe no mundo blues uma ofensa maior do que um músico imitar outro músico! Esta é a lei máxima entre os músicos. Você não tem a mesma história de vida que a outra pessoa, por mais que você tenha nascido na mesma região e no mesmo ano, suas experiências são diferentes, a forma de você encarar o mundo e seus problemas é diferente, seu timbre de voz é diferente de qualquer pessoa, seu raciocínio é diferente, portanto, você não pode tocar como outra pessoa, mesmo que tenha estudado, comprado os mesmo equipamentos e tudo mais, você não é aquela pessoa! Quando um bluesman toca seu instrumento ou canta, ele está fazendo do seu jeito, como ele quer e como ele pensa no momento, aquilo é só dele, e acaba se tornando a sua marca registrada. Essa marca torna o músico conhecido, ele é procurado devido àquela marca, o público vem de longe para ver um show daquele bluesman, abrindo para ele oportunidades que falaremos mais a frente. Essa marca fica muito evidente no momento da improvisação, pois é a hora que o músico está livre para fazer o que quiser. Exemplos: o vibrato de B.B.King. Existem músicos fantásticos com vibratos fantásticos, mas, ninguém com o vibrato de B.B.King! As linhas melódicas de Eric Clapton, que chamavam tanta atenção que lhe rendeu o apelido de Deus da Guitarra e Slow Hand. A pegada de Steve Ray Vaughan (esse um dos mais imitados de todos os tempos!!!!), somente ele conseguia tocar daquela forma tão visceral com cordas tão pesadas! Poderia ainda citar o fraseado de Albert Collins, as composições de Muddy Waters, a voz de Howlin’ Wolf, e tantos outros! Mas, o que importa é a prova que a história da música já nos mostrou, onde a personalidade é fundamental e não existem dois iguais! No meio musical quando aparecem imitadores são logo ridicularizados, e o musico de blues só consegue expressão quando se livra da imitação e passa a tocar a sua linguagem. 
Continua........

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